sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Cabra das Ribeiras
Pra quem estudou no Salesiano, de algumas décadas atrás, um poema de Carito, “nesses tempos de retinas fatigadas” e de fechar os olhos e encarar “a ferrugem das horas”.
O IMPÉRIO DAS PALMEIRAS
PROCURA-SE:
As palmeiras imperiais do Colégio Salesiano
O chão de areia riscado
Pelas bolinhas de gude chamadas por aqui de bilocas.
MAS NÃO SE ACHA:
Mais o campo de futebol e a casa
Do marceneiro Bigode que fazia
A Rosa dos Ventos para os trabalhos de Ciências.
SAUDADES:
Do hino nacional e a bandeira hasteada
Da sala de aula improvisada no alto, sobre a capela
Onde eu me encostava no silêncio.
ONDE ANDARÁ AGORA?
Aquele meu observar sentado
Nos batentes com vista para o pátio
Do tempo que não era passado.
AGORA SOU SÓ A ILUSÃO
Da memória que teima em me convidar
Para ver a moça se debruçar
Na janela que não quer fechar.
E A NATUREZA MÍTICA DAS COISAS
E os enigmas e outros absurdos
Florescem invisíveis sob as novas construções
Do colégio em flagrante sacrilégio.
HOJE O TEMPO NÃO PÁRA MAIS
Passa a galope como o Salesiano
Que cresce sem dono e padece
Da falta de espaço, onde me desfaço.
DOM BOSCO E SÃO DOMINGOS SÁVIO TAMBÉM ANDAM
Espremidos, deprimidos, pelos corredores
Sufocados, pelas minhas
Dores fantasmas.
ORO, CHORO, MORRO
Corro
Para o portão onde espero
Meu pai vir me buscar.
NO ENTANTO, NO ENCANTO
Nesses abismos sempre vou encontrar
Um lugar a embalar o pranto
Onde tudo ainda vai estar...
...COM O MESMO SANTO
Do mesmo jeito
Um doce canto
Dentro do peito.
Carito
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2 comentários:
Poema-lembrança para aqueles que estudaram e não estudaram (como é o meu caso) no Salesiano. Bom ritmo: boas palavras.
MIDC: obrigado pelo nobre espaço. Essa semana ganhei dois posts-presentes e fiquei passado: esse seu e um de Moacy. Gracias aos dois!
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