segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Coluna social
Cidade dos Reis é uma cidade pândega.
Pândega.
Saboreiem o termo, não existe mais adapto ao que ocorre por aqui, beira-rio, beira-mar, beira-duna, beradero.
Observem: onde mais se reforma um mercado público, transformado em centro comercial, lojinhas chic, brechós, antiquários, piso encerado e tal, para depois promover a dois passos uma feira de produtos orgânicos numa praça a céu aberto?
Sem falar que as lojas do centro comercial, ex-mercado, precisam ser constantemente fiscalizadas pela prefeitura porque a maioria de seus donos – ou arrendatários – prefere, comumente, não abri-las.
Sem falar que na tal praça, como o sol é inclemente e bate sem dó nem piedade ou clemência na moleira, foram armadas barracas, digo, tendas. Alugadas, claro. E como foram montadas na noite anterior, os príncipes e princesas que circulam pela zona, armaram o maior barraco. (Boites, night drinks, restaurantinhos, cafés, salões de beleza, fazem da área a ante-sala do paraíso in – cumpro informar.)
Invés do espocar das champanhas, ouviu-se e viu-se o espocar dos flashes – celulares, claro.
Pra quê? Pra levarem a denúncia ao ministério público.
Por quê? Porque a feira tava atrapalhando o movimento by night da mocidade em flor. (A praça chama-se das flores; antes, Aristófanes Fernandes, mas um dia instalou-se no centro da praça uma floricultura – “cultura das flores”, em Cidade dos Reis – e pronto: praça das flores; na feira são oferecidas, vendidas, flores orgânicas – informo, mais uma vez.)
A mesma turma da grita, dos flashes, da indignação, é a mesma turma que há bem pouco tempo fechava ruas inteiras ou trechos de, para festas privê.
Em Cidade dos Reis o roto fala do esfarrapado, o sujo do mal lavado.
Como em qualquer cidade que se preze.
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Um comentário:
diante do relato, reta-nos as sábias palavras de yoko ono enquanto juntava os miolos de lennon no hall do dakota: oh no!
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