quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Dinossauro doidão


Bob Crazy – que eu conheci quando ainda chamava-se Roberto Doido – depois de anos cuidando de plantas (todas legais, diga-se de passagem, paisagista que também é) volta ao baixo e ao alto do palco: o projeto chama-se Homo Habilis Cavern Band.

Roberto, “Bob”, foi visto, inclusive, em companhia de outro Bob – Marcelus – o artista plástico mais visto no youtube: sábado passado a dupla estava numa esquina da rua João Pessoa, downtown de Cidade dos Reis tentando comprar ácido lisérgico numa pharmácia.

A moça do balcão disse que tinha mas acabou.

Quarta e quinta Bob Roberto sobe ao palco da Casa da Ribeira em busca do tal Elo Perdido, nome do show, que contará com as participações especiais de Carito (de quem foi parceiro no Fluidos) e Eduardo Henrique (do Mr. Groove).

O show promete. Se nos anos 70-80 os dinossauros eram tratados com desdém e ironia, sem eles, hoje, o rock não existiria.

O show acontece enquanto a peleja da governadora com o prefeito por Elba Ramalho esquenta. Elba já viu discos-voadores. Rita Lee, também. As duas são figurinhas fáceis na política do circo potiguar – quando os palhaços são bons, quem precisa de pão?

Roberto Doido podia ser uma alternativa local. Também já viu flying saucers – em Pium, abduzindo os presos de Alcaçuz. Entre eles, Jim Morrison...

Um dos caras que no final dos anos 70 andava com o Floyd (Pink) na cabeça, Doido, “Crazy”, gosta sempre de filar o cigarro alheio e repetir a ladainha: “puquê, puquê...”

Vlamir Cruz, que carrega o sobrenome e um parentesco atravessado com Mr. Bob, me enviou, ontem, cópia de uma coletiva do Homo habilis – seguem os melhores [sic] momentos:

Faz um tempão que você estava ausente do meio musical potiguar, que estava fazendo?
Compondo.

Quinze anos sem tirar de dentro?
Tem gente que é impaciente.

Quando você pensou em fazer esse show?
Encontrei Geddy Lee na Rua João Pessoa e...

Geddy Lee? do Rush? na Rua João Pessoa aqui em Natal?
Na verdade foi no show do Rush no Rio, mas, o toing só rolou de mermo na Rua João Pessoa.

Esse seu contrabaixo é um exemplar vintage de quatro cordas: qual sua opinião sobre contrabaixos de cinco ou seis cordas?
Tem mais corda, né!?! São cinco, seis, em vez de quatro.

Isso.
Fora os ovos.

Como é?
Pode tudo, fora os ovos.


Tá curtindo com a nossa cara?
Qué isso! Fora os ovos é uma expressão lá de Mosquito Pequeno...

Mosquito Pequeno?
Pium, onde eu moro, quer dizer mosquito pequeno.

E daí?
Fora os ovos.

Quem esse cara pensa que é?
Bob Crazy! Meu queri-iii-do, você num leu o release não?

Mas afinal de contas, o que é que o público pode esperar deste show?
Melhor não esperar e ir entrando logo, assim que chegar: na Casa da Ribeira ninguém entra depois do show começado.

Rapaz, eu tô perguntando no sentido musical...
É... música, vai ter algumas...

Como algumas? Não é um show?
Pois é...

Pois é o quê?
É um show.

4 comentários:

Mme. S. disse...

sensacional! esse é o diálogo do ano!

Mme. S. disse...

MIDC, essa enquete dos "poetas vivos" por acaso é uma pegadinha?
oxe... vou declarar meu voto tá? ("outros")

midc disse...

não, não era p ser uma pegadinha... mas vc tem razão, pode ter essa conotação... vou mudar o texto... thanks.

Anônimo disse...

coletiva de Bob foi publicada
semiquase toda em
http://grandeponto.blogspot.com/2007/11/entrevista-com-bob-crazy.html