Não é mesmo flor
que se cheire, o cu.
Mas nem o fedor
não repele o cúpido
e contumaz beija-flor
quando emproa o curso
à busca do palor
apaziguado a cuspe.
Língua, dedos, verga
varam a fauce rugosa
e colhem, às cegas,
a flor sulfurosa
no buquê de merda.
No entanto, rosa
que se cheire, o cu.
Mas nem o fedor
não repele o cúpido
e contumaz beija-flor
quando emproa o curso
à busca do palor
apaziguado a cuspe.
Língua, dedos, verga
varam a fauce rugosa
e colhem, às cegas,
a flor sulfurosa
no buquê de merda.
No entanto, rosa
[Adriano de Sousa, “Bocuge” in Flô. Natal: edição do autor, 1998]
4 comentários:
essa flor nasce no tal "pé de rabo" que a gente ouve vez por outra?
essa flor nasce no tal "pé de rabo" que a gente ouve vez por outra?
Levino
Caro Mário,
Sou um apaixonado por este poema de Adriano, Bocuge.
Linguagem certeira, concisa, cabralina. Sem a cautela do mestre no trato do difícil tema, mas, que o versa com a perícia de quem, também, é mestre.
Nem o mau cheiro afeta a beleza da ‘flor sulfurosa’.
Tem lugar em qualquer antologia poética que a mim fosse dado a oportunidade de opinar.
Abraço, Napoleão de Paiva.
...o napoleão ruge pra bocuge, esse poemardriano de dentro é realmente e friccionamente para qualquer antolorgia, é didático, dedático, poema-rosa que goza para nosso imenso prazer e de leite...
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