terça-feira, 6 de novembro de 2007

História do olho, segundo Adriano de Sousa



Não é mesmo flor
que se cheire, o cu.
Mas nem o fedor
não repele o cúpido

e contumaz beija-flor
quando emproa o curso
à busca do palor
apaziguado a cuspe.

Língua, dedos, verga
varam a fauce rugosa
e colhem, às cegas,

a flor sulfurosa
no buquê de merda.
No entanto, rosa


[Adriano de Sousa, “Bocuge” in Flô. Natal: edição do autor, 1998]

4 comentários:

Anônimo disse...

essa flor nasce no tal "pé de rabo" que a gente ouve vez por outra?

Anônimo disse...

essa flor nasce no tal "pé de rabo" que a gente ouve vez por outra?

Levino

Anônimo disse...

Caro Mário,
Sou um apaixonado por este poema de Adriano, Bocuge.
Linguagem certeira, concisa, cabralina. Sem a cautela do mestre no trato do difícil tema, mas, que o versa com a perícia de quem, também, é mestre.
Nem o mau cheiro afeta a beleza da ‘flor sulfurosa’.
Tem lugar em qualquer antologia poética que a mim fosse dado a oportunidade de opinar.
Abraço, Napoleão de Paiva.

Anônimo disse...

...o napoleão ruge pra bocuge, esse poemardriano de dentro é realmente e friccionamente para qualquer antolorgia, é didático, dedático, poema-rosa que goza para nosso imenso prazer e de leite...