terça-feira, 30 de outubro de 2007

Eu vi Tropa de elite


Fui ver Tropa de elite.

Sessão promocional, R$ 7 inteira, R$ 3,5 meia.

O Cinemark botou pra trabalhar um casal de bilheteiros.

Não ligou nem o ar condicionado, coitados, um deles se abanava com um folheto de propaganda.

A fila se arrastava. Composta em sua maioria por jovens estudantes, todos de carteirinha na mão, só pioravam o tempo de espera.

Agora que eu vi o filme, entendo: estavam todos drogados, provavelmente emaconhados, playboyzinhos burgueses alimentando o tráfico à custa de seus vícios: marijuana e os blockbusters exibidos pela tal rede Cinemark.

Arrastavam seus tênis burgueses, suas sandálias havaianas burguesas, suas fardas de colegiais particulares, seus jeans de marca. Sem pressa, tá ligado?

Passei uns vinte minutos na fila.

Fui obrigado a ouvir as pérolas que os imberbes trajando farda de colégio religioso disparavam, às minhas costas, nas minhas oiças:

- Eu já tentei gostar de rock, mas. Presta atenção, presta atenção: todos caras que a gente conhece que ouve rock são todos abestalhados.

- Eu gosto de trilha sonora. Mas, pra ter – é meio ruim de ouvir, é pra ter...

Quantas crianças o morro não perdeu pro tráfico enquanto a estudantada burguesa desembolsava, preguiçosamente, três reais e cinqüenta pra assistir Tropa de elite, O homem que desafiou o cão, Jogos mortais I, II, III, IV e que tais?

Se eu já tivesse visto o filme, ah! Eu chamava na hora o capitão Nascimento. Pra dar um jeito na pivetada de bem e nos dois bilheteiros morosos. Depois, invadia aquelas salas privadas do Cinemark, onde o gerente sempre se esconde quando o cidadão tem algo a reclamar, a-ká-quarenta-e-sete numa mão, a outra fazendo aquele volteio no alto, sinal de circulando, que o Wagner Moura sabe fazer tão bem. O cabeção do gerente ia cair dentro dum saco de pipocas king size, com manteiga, sim, com manteiga! O cara ia sufocar até responder minhas perguntas:

- Por que não colocar mais gente pra trabalhar na bilheteria, especialmente em dia de promoção?

- Por que a pipoca custa tão caro?

- Por que não exibir ao menos numa das salas – uma! – um filmezinho melhor?

Tudo bem, tem Baixio das bestas...

Mas Baixio das besta eu já vi, caralho!

Porra!

Puta que pariu!

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