sexta-feira, 5 de outubro de 2007

No valid images to play


Fim d'A semana, e não publiquei nenhuma foto no blog.

Nada contra. Mil palavras válidas por outras tantas reais, seis por meia dúzia. Letrinhas em fontes várias, deitadas no papel virtual do uôrdi, na Remington mudernosa, tecladinho silencioso. Brave new world.

Pra concluir e ir pros finalmente, andei pescando umas pérolas nos blogs vizinhos.

Começando por mademoiselle S., aka Sheyla Azevedo:

“Comecei a caminhar essa semana. Isso significa uma hora a menos de sono e a sensação de que vou ficar gostosa em seis meses.”
[para ler o texto na íntegra, clique aqui]

Depois, o rebento do Cão Magro, Alex, do clã dos De Souza, tecendo em seu estilo original os uniformes dos clubes da luta literária, riscando no chão linhas imaginárias, daqui não cruza, não sobe, não desce, se cuspir aqui, cospe na cara da mãe:

“Entre literatos, quando há um desentendimento, a esgrima geralmente se resume às canetas, que enodoam mais os egos e reputações do que o fariam caso estourassem no bolso da camisa de linho de um descuidado. Até por que gente que gastou boa parte da vida (e da vista) entre livros não é afamada pelos conhecimentos marciais – poucos podem se arvorar de serem campeões de caratê e bons poetas, como Leminsky.”

Entre a corrida de Mme. S. e o ringue de Alex, restam poucas opções espartanas, como aponta o professor Plínio Sanderson:

“Os raros espaços de lazer são equivocados ou expropriados... A ciclovia da Via Costeira encontra-se em estado deplorável, os hotéis utilizam como canteiro de obra, os malfazejos buracos e cimentos petrificados tornam o passeio perigoso, impraticável. Nas reurbanizações praianas (Ponta Negra, Artistas/Forte, Avenida Roberto Freire) os calçadões foram construídos com pedras portuguesas, que por ser um piso irregular não favorece as atividades esportivas. Obra pensada esteticamente, sem considerar a real utilização do aparelho urbano pela população. Mentalidade barroca-tropical nas intervenções urbanísticas.”

Daí, melhor se esconder na solidão inexpugnável do banheiro, onde o corpo elétrico do poeta Carito [post do 22.09] revela sensações normalmente inconfessáveis:

“Quando eu era pequeno realizei uma experiência insólita e literalmente de gosto duvidoso. Ou melhor, de mau gosto mesmo, gosto ruim, não sei o que deu em mim. Mas num certo dia, quando eu estava no banheiro da nossa casa, depois de fazer as minhas necessidades, surgiu do nada uma outra e estranha necessidade, e eu resolvi saber que gosto tinha... a... merda! Pronto! Já disse. Já escrevi. Não sei se vou ter coragem de publicar. Acho que sim. Afinal, criança é criança. Será que eu já estava tentando me preparar para as merdas da vida?”

Mas, longe desse embate de corpos, corpos gostosos, corpos atléticos, corpos literários, corpos políticos, corpos coprofágicos, a pérola mais vistosa, mais brilhante, mais que perfeita, é o corpo metálico de um ônibus pastorado por Woden Madruga (que, se eu fosse um De Saboya, petelecaria logo como Wonder Madrugada), de um metálico reluzente retirado das ferragens e ferrugens da Tribuna do Norte:

Mistérios da Ribeira
Há um ônibus em cima da avenida Rio Branco, lado da sombra, já na esquina com a Praça José da Penha, há vários dias. Calçada do antigo SAPS, de saudosíssima memória. Me parece que o prédio hoje pertence à Secretaria de Agricultura ou coisa parecida. No tempo da Guerra, foi um cassino. Mas isso é uma outra história.
Por ali passa um trânsito intenso, praticamente a única via de acesso entre a Cidade Alta e a Ribeira. Pois bem, há quase três semanas o ônibus está parado sobre a calçada. Para falar a verdade, na metade da calçada. Ninguém sabe dizer porque o enorme veículo está ali há tanto tempo e muito menos a fiscalização da Prefeitura. Se é que ela já passou por lá.
Um flanelinha, daqui da Duque de Caxias, que sempre me dá notícias do que acontece no bairro, me disse que o ônibus pertence a um tal de “Binladem”, que tem jeito de turco. Passa o dia dormindo dentro do ônibus e, quando chega a noite, sai a pé por aí. Já foi visto muitas vezes nas festas da rua Chile (uma das esquisitices do pessoal do jetesete natalense), nas peças do Teatro, tomando sopa de cebola num botequim da Ferreira Chaves, olhando para a fachada – horas inteiras – da Cabugi, e também é visto na balaustrada do cais da Tavares de Lira namorando o rio. Sempre sozinho. É homem de pouca conversa até porque tem a língua meio enrolada, me garante o flanelinha, que se arriscou a “vigiar” o ônibus, mas levou um esculacho do Binladem. Já vai fazer um mês.
E como hoje é noite de lua cheia, o pessoal está pronto para conferir a caminhada do turco.”

[Woden Madruga, Tribuna do Norte, 28 de agosto de 2007]

4 comentários:

Mme. S. disse...

Por pura coincidência, estava eu a visitar-vos, nobre (ou seria plebeu?), nos exatos miligundos em que esse texto é "post" pelo s´or. e eis que vejo uma referência a mim mesma própria myself... Devo agradecer, pois não? Pois bem, obrigada, Mme. S.

midc disse...

sei não (se deve agradecer). se eu fosse meu irmão e seu amigo carito eu responderia com uma frase impublicável (pergunte a ele qualé). numa boa. mas a propósito disso 2a feira publicarei um artigo sobre isso. nos vemos lá.

Moacy Cirne disse...

Em Natal, dessa vez não pude visitar amigos e blogueiros com a necessária assiduidade.
Mas estive por aqui, algumas vezes. Rapidamente, é verdade. O seu blogue continua sendo leitura indispensável. Abraços.

midc disse...

caro moacy, suas andanças não me passaram desapercebidas, gostaria muito de tê-lo encontrado, mas as últimas semanas foram tempestuosas, espero sinceramente q um fica p próxima não seja entendido como mera figura de linguagem.
um abraço (a única vantagem de vê-lo na guanabara são as atualizações diárias do balaio)
midc