Os nativos desta terra onde se plantando tudo dá estão revoltadinhos com a turma do congresso.
Berram aos brados, retumbantes, vergonha! Vergonha! A mais cruel das vergonhas.
Armam-se de paus, pedras, caminhos sem fim, instigam cobras e lagartos na superfície saburrosa das línguas afiadas, desta feita desprovidas de papas. Sem amarras, sem peias.
O roto do esfarrapado, o sujo do mal lavado.
Lavam as mãos e assobiam de lado, como se não tivessem culpa no cartório. Cantam de galo. Batem no peito. Choram, rangem os dentes.
Muitos sobem nas tamancas.
Se agigantam, destamainho que são e não passam disso.
Da valentia espetacular. Valentes. Valentões. Valentinhos.
Esquecem que foram eles mesmos, quem colocamos a malta ali. Ali, aqui, e acolá. Ontem, hoje e sempre.
Nossos representantes no poder. Retrato 46x35 de nós mesmos. Cagados e cuspidos.
Citação da citação de Torquato Neto:
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação:
leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o
homem, nem que seja o boi.
{terça-feira, 14 de junho de 1971}
[in Torquatália: obra reunida de Torquato Neto/organização de Paulo Roberto Pires. Rio de Janeiro: Rocco, 2004]
3 comentários:
Oi, o Tião, hoje, ou ontem, republicou um artigo de Paulo Henrique Amorim que me pareceu perfeito sobre a "crise" do Congresso. Um abraço.
Como pode um texto vivo viver fora de água fria? Você é um Torquato nato!
meu irmão sempre exagerado, e moacy sempre visitante assíduo... a propósito, o tião citado por cyrne não é o macaco, mas nosso correspondente na esquina de bsb, sítio q vc pode conferir em http://sopaodotiao.zip.net/
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