segunda-feira, 30 de novembro de 2009

domingo, 22 de novembro de 2009

Sempre aos domingos


Qual o pente para desembaraçar sonhos?





domingo, 15 de novembro de 2009

Nunca aos domingos

Abro-me espaços em torno ao mar.

Na dúvida entre navegar.

E naufragar.





sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Redemption song


Tão leve.

Que nem me senti o peso sobre o próprio lençol.












terça-feira, 3 de novembro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Para viver um grande amor




[Paola Zampa, amor sacro-amor profano, digital photo on aluminium, 56x84, 2006]



Para viver um grande amor é necessário antes de tudo estar apaixonado. A premissa parece redundante, inútil, banal, até mesmo pueril, e por conseguinte desnecessária, de tão lógica que é. Mas é imprescindível. Não se vive um grande amor sem paixão. Pode-se viver um médio, pequeno, micro-amor. O que – quem sabe (e provavelmente é, mesmo) – é até mais desejável, enquanto racional e tranqüilo. A placidez, nos grandes amores, só existe em breves momentos. Naqueles onde (e quando e como e por que), cansados de uma entrega integral e íntegra, os corpos se abandonam num abraço frouxo mas firme, os olhos se deixam navegar à deriva nos olhos do outro e vice-versa, jogo de espelhos sem começo, meio ou fim.

Para viver um grande amor deve-se ignorar solenemente o tempo. Deve-se recusar o passado e imaginar que o futuro não existe além daquele momento presente. Deve-se acreditar piamente que será eterno (mesmo com o chato do Vinicius de Moraes martelando na cabeça a terrível conclusão – “enquanto dure”). Sim, porque todo Grande Amor é Eterno. E durável. E duradouro. E infinito (mudança de versos: “que seja eterno, enquanto infinito”). Deve-se confiar – cegamente, como um fiel rejeita a ciência e abraça a fervura quente do milagre – que é possível parar o tempo, os ponteiros e todos os relógios do mundo. Que o mundo, a propósito, não existe além do refúgio criado pelos amantes, para viver seu Grande Amor.

Para viver um grande amor faz-se necessário a mudança para uma ilha deserta. Sem pegadas na areia além das suas. E nem é tão importante que esses passos se repitam na areia lado a lado – eles podem caminhar às vezes mais à frente, às vezes mais atrás, outras trilhando a mesma vereda, que nada mais é senão seus próprios passos. (“Olha! Aqui se confundem. Não se sabe mais qual a marca de quem. Se sobrepuseram. Tornaram-se um.”)

Mas, para viver um grande amor, mesmo numa ilha deserta, é importante saber que não existem ilhas desertas. Então, é imprescindível manter a força dos músculos para outras atividades que não apenas o ato mágico e único do amor. É imperioso dedicar-se à construção de fortes, de paliçadas, de fossos de proteção, de trincheiras, de casamatas. É necessário vestir couraças, armaduras, peitorais, coletes. Até para desvesti-los depois. Ainda que a nudez nos torne frágeis. Vulneráveis, somente um para o outro.

Para viver um grande amor é preciso reconhecer que só esse mesmo grande amor pode decretar seu fim. E, ainda assim, eterno, enquanto infinito.