terça-feira, 25 de agosto de 2009

Good morning, Babylon, good morning, Scratch Perry



Nada como um dia após outra noite. A vida segue. Lombra, larica, marica, cosa mentale. Sorrir é o melhor remédio - ainda que Placebo: I've been wasting all my time With the devil in the details.










segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Monday Night Fever



[Man Ray, 1923 original, 1964 réplica]


na falta da versão original, segue uma live, não tão boa, mas resta sempre a letra, de petrúcio maia e climério, ai meu coração que não entende o compasso do meu pensamento o pensamento se protege e o coração se entrega inteiro sem razão se o pensamento foge dela o coração a busca, aflito e o corpo todo sai tremendo massacrado e ferido do conflito sem etc. a mais, escrever o quê depois disso? nada. ouvir. nada. calar. nada. sumir. tudo. esquecer. tudo. lembrar. tudo.



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Matino


[Caspar David Friedrich, Der mönch am meer, 1808-10]


Ao amanhecer todas as cidades se parecem.

Só você ao despertar não se assemelha a ninguém nem a nada no mundo.

No alto dos prédios imóveis pastoreia as nuvens o sol.

A teus pés apascento o sonho. Para quando despertes o mundo não se pareça a nenhuma manhã conhecida.



domingo, 2 de agosto de 2009

Domingo domenica dimanche sunday | noise

















[Frank Sinatra e Grace Kelly em High society, 1956]

sábado, 1 de agosto de 2009

planejamento


[Gian Lorenzo Bernini, Ratto di Proserpina, Galleria Borghese, Roma]


Agora que foi embora sabe que as paisagens não mudam senão com o vento. Sem indicação de tempestade – os pássaros indiferentes, saltitantes, o bico colhendo insetos invisíveis, uma folha caindo solitária – resta pouco a fazer, olhar o mato crescendo afugentando horizontes, ouvir o canto da cigarra em qualquer tronco de árvore decomposto, deixar-se cegar por um sol tão quente que derreteu as nuvens. Quem é ela? Pensa. A que foi embora. Conclui. Vira de lado, abraça o ventre, as pálpebras não pesam, mas as deixa cair. E, caindo, retornam as sombras. Tempo haverá. Outro pensamento. Fazer agora como o personagem de Proust. “Durante muito tempo, deitava-me cedo.” Ou “Durante muito tempo, costumava deitar-me cedo.” Duas traduções diferentes para a mesma frase. “Longtemps, jé me suis couché de bonne heure.” A segunda tradução é de Mario Quintana, que morreu em um albergo. Pobre. Que tem a ver? Nada. Nada tem a ver agora que ela foi embora. Um arremedo da frase também sai da boca do mafioso Robert de Niro, comedor de ópio dos bons em C’era una volta in America – Que tem feito todos estes anos?, pergunta o gordinho, o que não tinha entrado pro crime pra valer. – Tenho dormido cedo, responde De Niro, os olhos ausentes dela.


Ficha


“Foi só então que ocorreu a Robbie a possibilidade de que ela não estivesse fugindo, e sim atraindo-o para o canto mais escuro da biblioteca.”

[Ian McEwan in Reparação, tradução Paulo Henriques Britto, São Paulo: Companhia das Letras, 2002]