Como não me perguntaram, eu não falei.
Não disse.
E por que não me perguntaram, recolhi, recolhi-me, recolhi tanto lixo sideral, poeira de estrelas, copos vazios, cinzeiros quebrados.
E por não recolher-me, parti.
Sem um adeus, sem beijo de despedida.
Sem lenço na plataforma da estação.
Era inverno e no entanto era verão.
Primavera.
As folhas caíam como no outono, os frutos maduravam nas calçadas.
Só eu e você diante do nascer do sol.
Soprou um vento úmido. Fez frio de gelar as ventas.
O rio continuou seu mergulho contínuo no mar.
As ondas quebraram na praia.
Mesmo longe da arrebentação, nos arrebentamos todos.
Todos, eu e você.
Numa mesma ilha, sem nos encontrar.
E tão pouco (tão pouco) nos perder.
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