sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

BILHETES DE VERÃO





Não espero milagres. Apenas que o vento pare. E, parando, cesse o cisco no olho. Argueiro que faz chorar.


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Tão cheinha você estava em seu biquíni amarelo-ouro (as irmãs Fendi sorrindo por trás do balcão) que as curvas azuis da piscina nele se enrolaram. Amanhã dispenso esse emprego de salva-vidas.


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A lua banhava as ondas com um dourado barroco de quintais adormecidos. Sem nuvens, mesmo assim não aparecia. Estaria escondida por trás das telhas da cumeeira ou no palato de tua boca quente?


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Eu pensei tantas coisas. Na saliva mergulhada em teu sexo. No indicador em minha boca. Nas palavras despejadas em teu ouvidinho miúdo, os brincos brincando de sino dos ventos em meus dentes.


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No sonho, seis ou sete redemoinhos marinhos faziam evoluções no mar gigante. A vida era solar. O arranha-céu quase embicava dentro do oceano. E, não, aquele filho não era nosso.


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No sonho, relembrado às oito, esquecido ao meio-dia, o pátio exalava um odor verde-molhado. Deixamos aberta a torneira, respingando no vaso de hortelã. Para que os ladrões não soubessem que subimos ao quarto.


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Encontrei o velho professor na padaria. Os cabelos ainda brancos, o bigode sempre aparado. Impossível duvidar sua felicidade.


Um comentário:

Tales j. maia disse...

NADA E MAIS AVASSALADOR QUE OS COMENTARIOS DE MARIO IVO...QUEBRANDO NOSSOS CONCEITOS TOSCOS COMO UM TANQUE QUE SOBE NA CALÇADA, LEVANDO NOSSO PENSAR A ARES NUNCA CHEIRADOS, A FATOS NUMCA VISTOS NESTE RYO GRANDE. COMO OS LIVROS DE CASCUDO, SAO PARA SEREM LIDOS SEMPRE...