sexta-feira, 17 de abril de 2009
2 elegias
VIAGEM INFINITA
para quem com seu incêndio te ilumina,
cósmico caracol de azul sonoro,
branco que vibra um címbalo de ouro,
último trecho da lâmina fina,
a mão que te busca na penumbra
se detém na tépida encruzilhada
onde musgo e coral guardam a entrada
e um rio de pirilampos te alumbra,
sim, portulano, da esmeralda o fulgor,
sirte e fanal numa mesma bandeja
quando a boca navegante beija
a poça mais profunda do teu dorso,
suave canibalismo que devora
sua presa que o dança no abismo ermo,
oh, labirinto exato de si mesmo
onde o pavor das delícias mora
água para a sede de quem te viaja
enquanto a luz que junto ao leito vela
desce às tuas coxas sua úmida gazela
e por fim a trêmula flor escacha
[Julio Cortázar, VIAGEM INFINITA in Último round, tomo I, tradução Paulina Wacht, Ari Roitman, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008]
– Valérie, não me aporrinhe. As mulheres só chupam por amor ou por dinheiro. E você, comigo, nem uma coisa nem outra.
– Não lhe passou pela cabeça que eu possa gostar de você?
– Não diga bobagens, Valérie. Todos sabemos como são essas coisas.
[Martín Caparrós, Valfierno, tradução Josely Vianna Baptista, São Paulo: Companhia das Letras, 2008]
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