Por mim restaria do lado de fora, falei. Por mim desconheceria as marcas no ringue, pensei. As cordas tensas. O ventre seco. Descemos a colina em busca do mar. Areia nos joelhos. A água um imenso prato raso coalhado de luzes intensas. Os garotos, todos nus, garotos, correndo à beira-mar. Ao fim, encontramos Monica. O cabelo de menino loiro. Os seios por trás da malha branca de mangas compridas. Pensei que não viriam mais, ela disse. Eu sorri e desviei os olhos lá pros lados do pontilhão que avançava rumo ao horizonte. Ela enterrou os pés na areia, a mão no queixo. Um fio de cabelo teimou em lamber-lhe o nariz. O sol se desmanchava no fim da tarde, fim do céu. Tudo tão dourado. O mar, raso. Sem sombras. Sem ondas. Uma quietude só. Eu estendi a mão e afastei o fio de cabelo. Ela abraçou Monica pelas costas, os pés ainda enterrados na areia fina, remexendo sob a areia fina, tarde de verão, fim de tarde de verão. Quando caí, as marcas das cordas tensionadas desenhando nas minhas costas linhas horizontes sinais – Foi do que lembrei. Eu disse. Ou pensei, não me lembro bem.
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