Ficou seu retrato em três por quatro e um bilhetinho escrito em caligrafia seis por duas – seis linhas em duas colunas.
Ficou uma mancha, nódoa no lençol que não era cambraia nem bordados havia.
Ficou a sombra do seu corpo no espelho embaçado. Que me reflete aos pés da cama, os cabelos desgrenhados, um cigarro amarfanhado entre os dedos e entredentes.
Ficou a janela aberta, arreganhada para um quarto crescente triste. O céu congelado. Nuvens baixas, icebergs.
Ficaram uns restos de cabelos nas escovas e na pia do banheiro. Uns comprimidos contra cólicas. Um sabonete sem espumas.
Ficaram uns papéis voando pela sala, rodopiando espirais e pós, e um imenso cão de São Bernardo (que na verdade nunca tivemos).
No porta-retratos, eu e ela, como viemos ao Paraíso.
Antes de sermos expulsos, uma espada flamejante nos apontado a saída.
Um comentário:
lindo de viver. drumondiano e de todos nós, pois "sempre fica um pouco de tudo. às vezes um botão. às vezes um rato".
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