quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Níu-láife | 10 fins – segundo T. S. Eliot


I

Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Não com uma explosão, mas com um gemido

[Os homens ocos]

II

O que poderia ter sido é uma abstração
Que permanece, perpétua possibilidade,
Num mundo apenas de especulação.
O que poderia ter sido e o que foi
Convergem para um só fim, que é sempre presente.
[Burnt Norton]

III

As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo; mas só o que vive
Pode morrer. As palavras, após a fala, alcançam
O silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma.
As palavras ou a música podem alcançar
O repouso, como um vaso chinês que ainda se move
Perpetuamente em seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,
Não apenas isto, mas a coexistência,
Ou seja, que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio sempre estiveram lá
Antes do princípio e depois do fim.
[Burnt Norton]

IV

Em meu princípio está meu fim.
[East Coker]

V

Não era (para recomeçar) o que antecipadamente se aguardava.
[East Coker]

VI

O conhecimento impõe um modelo, e falsifica,
Porque o modelo é vário para cada instante,
E cada instante uma nova e penosa
Avaliação de tudo quanto fomos. Apenas não nos decepcionaremos
Com tudo o que, decepcionando, já não causa mais dano.
[East Coker]

VII

Em meu fim está meu princípio.
[East Coker]

VIII

Onde o fim para isso tudo, para o surdo lamento,
Para a silente agonia das flores outonais
Que as pétalas gotejam e imóveis permanecem;
Onde fim que ponha termo ao torvelinho do naufrágio,
A súplica do osso nas areias, à insuplicável
Súplica para a calamitosa anunciação?
[The Dry Salvages]

XIX

Fim é o lugar de onde partimos.
[Little Gidding]

X

Não cessaremos nunca de explorar
E o fim de toda a nossa exploração
Será chegar ao ponto de partida
[Little Gidding]


Fragmentos de Os homens ocos e Quatro quartetos in T. S. Eliot; tradução, introdução notas de Ivan Junqueira – São Paulo: Arx, 2004

Um comentário:

Anônimo disse...

mario ivo
mario ivo