Me empresta um silêncio pra passear. Me empresta um ruído estereofônico. À direita do meu ombro – velocidade e asfalto. Deixa a esquerda, livre, pro ciciar de pássaros, pro latido dos cães, pro chute na bola. À minha frente deixa somente teus olhos, um lampejo cristalino bulindo, fazendo cócegas, fagulhando. Às minhas costas, às minhas costas – não, não deixa nada; deixa apenas sua sombra marcando para sempre a minha parede e as fotos ancestrais.
Sobre mim deita o silêncio, nosso silêncio, a nudez das palavras, dos corpos.
Mas, quando sair, não esquece de trancar a porta, tá? Não quero que a ilusão saia, nem que eu saia por aí, sozinho, perdido nesse domingo sem fim.
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