Por esse amor eu faria de um tudo, coisas
certas e erradas. Cometeria desatinos. Passaria a semana inteira comendo carne
vermelha. Jogaria latas de cerveja na rua pela janela do carro. Faria o caminho
de Santiago a pé, subiria de joelhos a ladeira da Sé de Olinda, iria ao Juazeiro
pagar as promessas que não fiz ao padre Cícero. Deixaria de beber, de fumar, de
falar do próximo quando distante. Compraria dois automóveis, todos dois pra ti,
mesmo sem tostão. Meu caro Antônio, duzentos anos voam, mas ainda assim é muito
tempo.
Essa moça não promete - cumpre.
E, se eu pudesse, voltaria ontem, entre os dinossauros do parque, pra trocar umas idéias, pra entornar umas quantas cicarelis, pra ajudar a cortar, picotar, rasgar, triturar o retrato na parede da bolsa.
Quem sabe teria sugerido a cura pelo fogo. Chamas em lugar de lágrimas.
Tears for fears.
Ashes to ashes.
Melhor, não. A paixão é um despenhadeiro. Infinito antes da queda.
2 comentários:
Nesses momentos, nem o fogo. Acho que só o tempo. E o material indestrutível do retrato ainda vai despertar o interesse da comunidade científica, c vai ver... De qualquer forma, obrigada.
bjins
;)
pela primeira vez estou lendo o blog cidade dos reis. Adorei, os escritos postado no dia 26 de julho. Muito bom . Parabéns, voltarei outras vezes com certeza
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