quinta-feira, 21 de maio de 2009

tardança







Uma dona sem um vestido / não é a mesma dona com o vestido. / Como uma mulher despida de óculo / é desigual quando mascarada. / Cobre-lhe as olheiras e o pranto. / Um. / Revela-lhe as formas ao escondê-las. / Outro. // Um vestidinho diáfano é coisa segura. / Ao passar, esguarda o tempo / Como rede em fundo de escolhos. // O vestido da dona é ainda mais imponente / que sua própria nudez superior. / Balouça, freme, agita – / até abalroar os sentidos. / Repercute em maremotos, abala sismicamente / Revolteia em si mesma, bailarino / Ricocheteia entre as rochas do cânion: / Tiquetateia o silêncio em que abismo. // Uma mulher toda algodão ou seda e carne. // Não há nada supérfluo em um vestido. / Ele é tudo, e / ao mesmo tempo / nada.






5 comentários:

Lucia disse...

Oi, Mdic

Sensacional essa poesia. É de sua autoria?


Abraços


Lúcia

midc disse...

é, sim, lucia - os textos alheios vêm sempre noutra cor e os autores citados abaixo. thanx.

maria disse...

texto e foto = pas-de-deux bacana.

midc disse...

ãhm - a propósito, a quem interessar possa, não escrevo poemas, não faço poesia: é tudo prosa, mesmo quando não parece.

Mme. S. disse...

"não faço poesia". humpf. pode até ser para você, meu caro. mas que você faz poesia nos outros, isso faz. Um cheiro. PS.: lindo demais esse poema. todo metafísico, embora eu não entenda lhufas da metafísica...