quarta-feira, 2 de abril de 2008

O caçador da menina que roubava pipas do livreiro de Cabul [310308]


Como promessa é dívida, e como prometi semana passada dar um pitaco qualquer sobre o tal caçador de pipas, vou logo me livrando do compromisso.

Se você leu a “crítica” de sexta, fique logo sabendo que assistir a “Onde os fracos não têm vez” e a “O caçador de pipas” são duas experiências, embora naturalmente diversas, bastante comuns.
Pra começo de conversa, casa cheia nos dois. Os motivos são os Oscar conquistados, pelo primeiro, e os livros vendidos que nem pão quente, pelo segundo. La même chose, enfim. Mais: imagino que uma minoria da patuléia foi ver “Os fracos” pra bater palminhas pros irmãos Coen.
Ao contrário, apenas uma minoria foi assistir “As pipas” porque ouviu falar do sucesso do livreco – a maioria, mesmo, foi conferir se a versão celulóide era fidedigna ao original gutenberguiano.

Já deu pra sentir que vou espinafrar livro, filme, autor, diretor, e, por tabela, os leitores fãs de carteirinha, né? Então, vamos parar por aqui, vocês adoradores de ídolos falsos. Eu continuo, vocês passam pra página dos esportes.

Pra ilustrar, jornalismo-verdade, crônica da banalidade: me arrumo, em meio ao mundaréu de gente, em duas poltronas lá pelas fileiras centrais e do alto. Todo crente que, como era um filmão bem popular, o barulho da tela se confundiria com o barulho da platéia.

Olha que sujeito preconceituoso às massas: 99% da sala se comportou direitinho – até mastigaram as pipocas com parcimônia e esmero e a fineza com que dobraram as embalagens vazias dava gosto de se ouvir.

O problema foi o 1% restante. Que se aboletou justo ao meu lado. E justo na figura rechonchuda de uma gordinha faladeira. Dane-se o politicamente correto! Se fosse uma loira platinada, ainda que burra, eu soltaria os cachorros na loirice belzebu. Mas a danada era uma gorda, e, justificando todos os estereótipos do physique du role, começou abrindo uma embalagem tipo pizza pra viagem: não, não era pizza. Devia ser algo mais gosmento e pegajoso, porque a filha de uma mãe raspava o fundo chato e cartonado com um garfinho de plástico. Depois, abriu um saco plástico onde, pelos rumores emitidos, continha ainda mais coisinhas plásticas e comestíveis. No intervalo entre uma ação e outra, a gourmet atendeu, numa boa, o celular.

Amanhã eu conto o resto.

2 comentários:

Capitão-Mor disse...

Por acaso já não tenho mais paciência para livros sobre tormentos islâmicos...

Mme. S. disse...

neném, desculpa, mas eu tenho de rir... um beijo, S.