segunda-feira, 30 de junho de 2008
Arsenic and old lace
domingo, 29 de junho de 2008
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Bom dia, Babilônia, bom dia, tristeza, bom dia Vietnã, bom dia sombra
Tem um bocado de tempo que eu não dou bomdia pra canalha e pra turminha legal. A última vez foi em september, fifteenth.
Pois:
O blog, blogueiro, coluna, quinta coluna, enfim, o subscrito, recomenda ao despertar a audição de: Don’t touch my shadow, faixa 5 do Who put the voodoo ‘pon reggae. 1996, Sanctuary Records.
Procurem nas prateleiras empoeiradas, desarrumadas, desconjuntadas, cascavilhem nos sebos, baixem o santo náutico.
Para ouvir, clique aqui.
Lee Scratch Perry carrega a voz de anfetaminas e marijuana, programa eletronicamente o vodu jamaicano, acelera e desacelera, e repete a seu modo o dito de Pessoa em Lisbon revisited: Não me peguem no braço!/ Não gosto que me peguem no braço.
Dub in the jungle pra animar qualquer alma matutina.
Pra somar à academia.
Porque hoje é sexta-feira. E o sol ruge.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Meu reino
Também eu tive o meu reino, minha pasárgada, meu são saruê de devoção fervorosa, minha cocagne e minha cocaigne.
“Diz a lenda que o tempo adormeceu na hora mais agradável do dia e na estação mais prazerosa do ano”
Manguel e Guadalupi
Dicionário de lugares imaginários
VERSO
“No Céu que mais a sua luz favorece
estive”
Dante Alighieri
“Paraíso”
segunda-feira, 23 de junho de 2008
the city girls' karaoke
When I was seventeen It was a very good year
It was a very good year for small town girls And soft summer nights
We'd hide from the lights On the village green When I was seventeen
When I was twenty-one It was a very good year
It was a very good year for city girls Who lived up the stair
With all that perfumed hair And it came undone When I was twenty-one
When I was thirty-five It was a very good year
It was a very good year for blue-blooded girls Of independent means
We'd ride in limousines Their chauffeurs would drive When I was thirty-five
But now the days are short
I'm in the autumn of the year And now I think of my life as vintage wine
From fine old kegs From the brim to the dregs And it poured sweet and clear
It was a very good year
It was a mess of good years
sábado, 21 de junho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Francisco Ivan’s Day [180608]
terça-feira, 17 de junho de 2008
A manhã desperta [120608]
Do janelão, assisto o dia se espreguiçar. Nuvens, muitas nuvens, mas nenhum sinal de chuva. Nem um tico de vento – também pudera: os prédios de concreto e pastilhas cerâmicas não balançam. E esses prédios e esse concreto e essas pastilhas estão cada vez mais monopolizando a paisagem.
domingo, 15 de junho de 2008
J. P. Barnum
Acabei de ler Seta, de Alessandro Baricco, vigésima edição na Biblioteca Universale Rizzoli Scrittori Contemporanei, a primeira edição se deu em 1996.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS | Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas
-xxx- 13 fevereiro 1998 (Sexta-feira 13)
ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS | Happy together
ELA SABIA QUE ELE NÃO ERA CONFIÁVEL.
Podem chamar ciúme, podem ajuntar um doentio na bagagem da ênfase, podem esculhambar à vontade. Ela sabe.
Quando o conheceu, era apenas um menininho bobo, recém-descabaçado, incerto ainda em encontrar um modo claro de se comportar no mundo.
Ela não lembra quando – nem por que – mas um dia ele começou a ser importante pra ela. Tornou-se alguém em quem depositar atenção, carinho, e sexo.
Ela não costumava usava sutiã. Ele escorria suas mãos entre os botões que abriam-se como desabrochando. Com as palmas e as fissuras das palmas – a linha da vida, a linha da cabeça, a linha do coração – abocanhava o volume pleno dos seios. Só muito depois ela descobriria ser aquilo tudo incomparável.
No começo ela apenas se deixava acariciar. Uma entrega anônima. Não importava quem, importava o que faziam com ela. A maioria não sabia fazer.
Logo começou a sentir dolorosamente a ausência daquelas mãos, da boca, dele inteirinho à sua frente, para seu uso e abuso. Para que dela fizesse uso, e abuso.
Ela então percebeu que o que ele significava pra ela poderia facilmente significar pra outras, também.
Para ela não tinha aquele papo do “monstro verde do ciúme”, de tapete de unhas, de vidros triturados misturados à fome azul.
Tudo que ela fazia ou conseguia fazer era jogar-se sob o chuveiro, vestida como estava, para aplacar um calorão que viva a consumia.
Uma, duas, três, quatro, mil vezes ele a deixou. Sem explicação. Ou com uma explicação implacável.
Uma duas três quatro mil vezes ela o deixou.
Sendo ela a explicação era a mesma:
– Quero viver minha vida.
E ela realmente queria, queria também outros homens, embora quando com eles, era nele em quem pensava, era dele que sentia falta.
Então chegou o dia. Quando a palavra dele pareceu ser a última. Quando ele pouco realmente parecia importar-se.
Ela saiu sozinha. Esteve em todos os lugares que alguém como ela poderia estar. Como ele.
Ela bebeu e sorriu e trocou palavras e se fez de bonita e não se fez de rogada e jogou o longo cabelo para lá e para cá e arregaçou a boca pintada de batom e mostrou os dentes e passou a língua pelo céu da boca com força e deu de ombros. E procurou-o.
Ela passou a noite procurando-o. E na medida em que não o encontrava ficava cada vez menos risonha, menos bêbada, mais apreensiva.
Em todos os bares onde eles costumavam ir, foi.
Correu a cidade de cima abaixo, de norte a sul. De sul a norte. Das duas uma: ou ele estava em casa dormindo ou boa coisa não estava fazendo.
Quando a primeira embriaguez sumiu, ela voltou a beber, tanto até tornar-se romântica. E, sendo romântica, caiu na ingenuidade dos tolos, um poço raso e escuro onde boiavam outras mulheres como ela. Tinha um bocado de gente conhecida ali. Algumas ainda tentavam escalar a parede arredondada e lisa. Outras jaziam, de bruços, de costas. Aquela ali tinha já o corpo inchado e olheiras roxas.
Comprou uma garrafa de vinho, teve o cuidado de pegar o saca-rolha em casa, retocou o batom, deu uma ajeitada nos cabelos, voltou a arrumá-los melhor, olhou-se no espelho, reconheceu o orgulho, não viu nenhuma sombra de indecisão. Sem ela foi até a casa dele. Do outro lado da cidade.
A manhã se anunciava em nuvens frias e coloridas.
Os pardais já preparavam bico e briga.
Ela tocou a campainha.
Lá dentro da casa silenciosa a caixinha branco-gelo fez:
– Dííín, Dôôôn.
Viu o carro estacionado na garagem. Insistiu.
Quando ele saiu, ela ainda teve dúvidas. Ele sabia disfarçar.
Ele foi frio, sério, fingiu sono. Até que soube disfarçar bem.
Ela quase caiu na sua conversa encenada. Mas, não, não. Não ela: ela sabia. Ela farejou. No ar.
– Tem alguém aí?
Ele respondeu que não. Ele sabia fingir muito, muito bem.
Ela não precisou pôr-se nas pontas dos pés e tremelicar as narinas como um animalzinho assustado.
– Posso entrar?
Ele hesitou, não gaguejou, apenas balançou o corpo sutilmente para um lado e para o outro. O filho da mãe jogava muito bem.
Ela não esperou mais, afastou-o do seu caminho e foi entrando como se seus pés pisassem em brasas. Atravessou terraço, hall, sala, não percebeu nada estranho, continuou pelo corredor, as pernas cada vez mais pesadas, desejou que não tivesse fim, o corredor que parecia mesmo infinito, desejou, ardeu, rogou aos céus que nunca chegasse ao quarto iluminado.
Mas ela chegou ao quarto iluminado.
Primeiro viu os pés. Tudo dobrado, pés, pernas, coxas, bunda. Ainda teve tempo de sentir uma inveja saudável, ela tinha de reconhecer, quase dava os parabéns à moça, era preciso ser justa na vida.
De algum ponto minúsculo do estômago partiu uma fagulha que foi subindo pelas paredes das vísceras, primeiro num fogaréu intenso, depois numa erupção de lava viva. Dizer que isso lhe queimou os olhos seria redundante.
Por isso não lembra como voltou sobre os próprios passos, como se tivesse deixado pegadas visíveis sobre o piso, não lembra nem como passou por ele.
Lembra apenas da garrafa de vinho quebrada na calçada, da mancha escura derramada que bem poderia ser sangue, mas que não era sangue.
Isso antes de implorar ao safado que deixasse a moça da bunda saudável ir embora e ficasse com ela. Só com ela.
ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS | Adivinhe quem vem para jantar
Então ela me convida para jantar.
terça-feira, 10 de junho de 2008
UM DISCO: Watch, Manfred Mann’s Earth Band. 1978, Bronze Records Ltd.
Primeiro, a capa, claro.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Azul-grego
quinta-feira, 5 de junho de 2008
A farra do boi
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Rudy & Francis talking
– Os pecados mortais são sete.
– Mortais? Que quer dizer com mortais?
– Quero dizer diários. De todos os dias.
– Na minha opinião só há um pecado.
– Preconceito.
– Ah, claro. Preconceito. É.
– E inveja.
– Inveja. É, sim. É um deles.
– E luxúria.
– Luxúria, certo. Desse eu sempre gostei.
– Covardia.
– Não sei o que você quer dizer. Não conheço a palavra.
– Covardia.
– Não gosto da palavra covarde. Que foi que você disse a respeito de covarde?
– Covarde. O sujeito que se encolhe. Sabe o que é um covarde? O que foge.
– Não, essa palavra eu não conheço. Francis não é covarde. Luta com qualquer um. Escute, sabe do que eu gosto?
– De que é que você gosta?
– Honestidade.
– Esse é um deles.
terça-feira, 3 de junho de 2008
A última loja de discos [280408]
“Este não é um emprego para os selvagemente ambiciosos.”
Nick Hornby
Alta fidelidade
VERSO
“Apaches, punks, existencialistas, hippies, beatniks de todos os tempos
Uni-vos!”
Caetano Veloso
“Ele me deu um beijo na boca”
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Inventário
Como herança materna, me restou uma loucura seca, árida como paisagem vazia, pontuada de sacos plásticos de supermercado tramelados no mato rasteiro.
Como herança paterna, findei-me numa placidez de boi, inconsciente da vereda que o tange do pasto ao matadouro, sem escalas.
A nenhum dos dois espólios me foi concedido o direito indiscutível e inalheável: com unhas e punhos os conquistei e defendo e sucumbo.