Se para a Nísia Floresta, agosto era o mês que imprimiu a sua existência uma tríplice perda, para outro poeta potiguar era “o claro mês dos meus anos”.
Ferreira Itajubá, embora se questione o ano, certamente nasceu no 21 de agosto – de 1875 para Clementino Câmara e Francisco das Chagas Pereira; de 76 para Ezequiel Wanderley, Câmara Cascudo, Diva Cunha e Constância Lima Duarte; de 77 para José Bezerra Gomes. Nilson Patriota, sabiamente, registra o aniversário do poeta entre 75 e 77.
Enquanto que para Nísia “o dinheiro lhe chega para as longas viagens transoceânicas, e depois para as viagens mediterrâneas” (nas palavras de Hélio Galvão), para Itajubá o dinheiro não dá nem para o “pão na bolsa e água na Cantareira”, segundo seus próprios versos.
Entre 75 e 77, enquanto o poeta canguleiro teimava em nascer já provocando controvérsia, Nísia seguramente estava na Europa, entre a Inglaterra e Portugal.
Talvez Cascudo inconscientemente tenha feita essa relação, quando compara Nísia a uma “grande ave de arribação, cujas asas não cabiam nos limites do ninho” – “Ave de arribação” é o título do poema de Itajubá, doido pra partir da terra natal:
Agosto. O claro mês dos meus anos. Que anseio
De ser asa emigrante e fugir pelos ares,
Pelos longes do céu, através desses mares,
Em busca do calor do sol de um clima alheio!
Não foi. Ficou por ali, entre a Ribeira e Macau, entre a Ribeira e Touros. O mais longe que chegou foi no Rio de Janeiro, onde morreu e foi enterrado como indigente. Henrique Castriciano soube e trouxe os ossos para Natal, inaugurando, talvez, essa mania, de não deixar os defuntos poetas potiguares descansarem em paz.
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
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