Eu não parti de um porto conhecido. Nem hoje sei que porto era, porque ainda nunca lá estive. Também, igualmente, o propósito ritual da minha viagem era ir em demanda de portos inexistentes – portos que fossem apenas o entrar-para-portos, enseadas esquecidas de rios, estreitos entre cidades irrepreensivelmente irreais. Julgais, sem dúvida, ao lê-me, que as minhas palavras são absurdas. É que nunca viajastes como eu.
Fernando Pessoa, Livro do desassossego: composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, São Paulo: Companhia das Letras, 1999, 2ª edição, 2004
Ademais, todas as minhas viagens de férias foram nos rumos de cá – jamais atravessei o Atlântico nem visitei a Disneylândia.
Oswaldo Lamartine, Em alpendres d’Acauã – Conversas com Oswaldo Lamartine de Faria, Fortaleza: Imprensa Universitária/UFC - Natal: Fundação José Augusto, 2001
agora tenho
dois olhos
e a paisagem
passagem
que uso
para fugir
de mim
Diva Cunha, A Palavra Estampada, Natal: UFRN-CCHLA-Editora Universitária, 1993
o ínvio lugar aonde seguir
quando não houver
nem aqui nem além
nenhum lugar onde estar
para onde ir
Adriano de Sousa, “Os Meninos da Rua Paulo”, in, Saartão, Natal: Edição do autor, 2004
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midc, fotos cidadedosreis
2 comentários:
de sousa.
sorry, foi um ato falho... vou corrigir...
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